sábado, 14 de agosto de 2010

A "lógica", el Mago, e o futebol.

Olá, leitores. Este post está dividido em 04 partes.

PARTE I

Hoje meu post tratará de um assunto que há muito deveria já ter sido tratado neste blog. Talvez eu estivesse esperando a oportunidade certa para falar deste assunto. Esta semana apareceu a oportunidade de ouro. Lá vou eu, então.

Há alguns séculos o "homem ocidental" (usei esta palavra por não ter outra melhor) deixou de trabalhar pra viver, e passou a viver para trabalhar. O dinheiro deixou de ser um meio para atingir as coisas, e as coisas (e até mesmo as pessoas, em alguns casos) se tornaram um meio para chegar ao dinheiro.

É lógico, leitor crítico, que há exceções a isso. Mas imagino que você não discordará de mim se eu disser que a maioria das pessoas "proeminentes" de nossa sociedade acabam por seguir a lógica que descrevi acima. Muitas delas têm justamente nesta lógica a origem de sua proeminência. Nossa sociedade premia com prestígio e reconhecimento social os que "trabalham pesado" e têm grandes riquezas como fruto deste trabalho. São essas pessoas os "modelos" para nossa sociedade, basta ligar a TV ou sair na rua para averiguar isto.

PARTE II

Pois bem. Nesta semana a Sociedade Esportiva Palmeiras apresentou seu reforço, Jorge Luís Valdivia Toro, ou simplesmente "Mago Valdívia" para os palestrinos.

E este blogueiro particularmente é um grande fã deste jogador (tanto que a única imagem permanente deste blog é um gesto de "psiu" feito por este jogador em um dos últimos grandes jogos que tivemos a oportunidade de assistir).

Talvez isto se deva ao fato de que eu, o blogueiro, não vejo o futebol apenas como um jogo. O Vôlei é um jogo. O Tênis é um jogo. O Xadrez é um jogo. Nenhum deles desperta tantas paixões humanas como o futebol. Somente por futebol (e por mais nenhum outro esporte) é que se vive, se mata e se morre. Exatamente por isso que defendo a idéia de que o futebol é algo muito maior do que um simples jogo.

E o Mago Valdívia talvez não seja o mais técnico dos jogadores, apesar de ter jogado a Copa da África-2010 com a 10 do Chile às costas. Mas não é somente sua técnica o que me encanta. Valdívia tem uma capacidade raríssima no futebol moderno: ele sente o jogo. Ele provoca os adversários. Brinca com a bola. Leva a torcida (e este blogueiro) ao delírio, seja com seu "drible do vento", seja pelo fato de não ter vergonha de entortar os adversários com seus dribles, ou pelo fato de provocá-los nas comemorações. Corinthianos, e são-paulinos, nossos dois maiores adversários, sabem do que estou falando.

PARTE III

Em meados de 2008, poucos tempo depois de a S.E. Palmeiras ter se sagrado campeã paulista, Valdívia, mesmo não querendo, acabou sendo vendido. A lógica financeira falou mais alto pelos lados do clube. Aqueles poderiam ter sido os R$ 20 milhões (valor recebido pelo clube) mais caros de nossa história.

A partir do início do ano de 2009, momento que Luiz Gonzaga Belluzzo foi eleito presidente da S.E. Palmeiras, nossa diretoria caiu na real e começou a se mexer pra que os ídolos recentes do clube para cá voltassem. Este movimento está atingindo seu ápice agora, no segundo semestre de 2010. Primeiro voltou Kléber, o Gladiador. Depois, Felipão. Faltava alguém, entretanto. Alguém que nos fazia tanta falta quanto os dois anteriores.

O Palmeiras não tinha, entretanto, dinheiro suficiente para fechar o negócio. Nos faltava pouco mais de R$ 5.000.000,00, o que não é pouca grana. Eis então, que surge o protagonista principal do post de hoje (e não é o Mago Valdívia): Osório Furlan.

Este cara provavelmente não é um nome conhecido de nenhum de meus leitores. Ele é palmeirense, e também é executivo do alto quadro da Sadia. Ao saber que o que faltava para que "El Mago" enfim voltasse para a S.E.P. estava a seu alcance pessoal, foi lá e pôs sua grana.

CONCLUSÃO

É verdade que receberá no futuro seu dinheiro de volta do Palmeiras. Mas não levarei em conta aqui possibilidades do tipo: "ah, ele fez isso para ganhar prestígio político dentro do clube", ou "ele receberá parte do lucro se o atleta for vendido posteriormente", mesmo sabendo que elas podem realmente ser verdadeiras.

Prefiro ficar com o trecho:

" Eu me ofereci, o Belluzzo não me procurou para isso (para que colocasse o dinheiro que faltava). Não fiz pensando em lucro, o retorno virá. Não quero morrer rico, quero morrer feliz." Fonte: Lancenet

Esta última frase, particularmente, me pegou em cheio. O cara está abrindo mão (por algum período de sua vida) de R$ 5,1 milhões. R$ 5,1 milhões que eram sua propriedade, é bom que se diga.

Lembra da "lógica financeira Ocidental" que descrevi no início deste post, caro leitor? Não foi por esta que Furlan conduziu sua ação. Para este homem o dinheiro voltou a ser um meio. Um meio de trazer alegria. Quer melhor maneira de se gastar o dinheiro que esta? Há uma finalidade melhor que esta? Osório Furlan fez, nesse processo, um bem para si. Mas fez um bem muito maior para mim e para todos os que amam este clube. Todos os palestrinos poderão, novamente, ver um de seus melhores jogadores dos últimos tempos em ação, nos representando.

Mas o que é mais emocionante é saber que temos lá em cima pessoas que respeitam e amam o clube do mesmo jeito que fazemos aqui em baixo. Melhor ainda é ver, por meio de um ato como esse, que o Palmeiras é algo que está acima da "lógica" (o que é que é lógico, afinal?!), mesmo que seja só para um cara, e só por um instante.

Pode ser que tudo isto não passe de ilusões e idealizações minhas. Sim, pode ser. Mas prefiro acreditar nisso, pelo menos até quando eu acordar amanhã de manhã.

Longa vida à SEP. Longa vida ao futebol e à superação que ele promove nos homens, estejam eles dentro ou fora de campo.

"Não quero morrer rico, quero morrer feliz." O. Furlan - (eu disse que ainda escreveria algo sobre isso)

Paro por aqui por hoje.