Este discurso é eminentemente recente, a propósito.
A entrada do futebol no mundo dos negócios, entretanto, não é tão recente assim. Conforme o Brasil e o mundo foram tornando mais intensos seus respectivos processos de modernização, paralelamente foi avançando o processo de modernização (ou corporativização) dos clubes.
Os clubes de futebol mais importantes do nosso país, e talvez mesmo os clubes mais importantes do mundo surgiram como associações desportivas, sem fins lucrativos, cujo intuito era agregar dentro de si os sócios para a prática de desportos e haver algum convívio social interno. Reuniam pessoas de uma mesma comunidade, conhecidos, em um ambiente familiar, de proximidade. Eis um trecho do estatuto da Sociedade Esportiva Palmeiras:
"TÍTULO I
DA DENOMINAÇÃO, SEDE, FIM E DURAÇÃO.
Art. 1º - A Sociedade Esportiva Palmeiras (SEP), com sede social,
administrativa e foro jurídico em São Paulo, Capital, na
rua Turiaçú, 1840, Perdizes, CEP 05005-000, fundada com
o nome de Sociedade Esportiva Palestra Itália, em 26 de
agosto de 1.914, alterado para o de Sociedade Esportiva
Palestra de São Paulo, conforme ata da sessão de 27 de
março de 1.942, e mantida com o nome atual, conforme
ata da sessão de 19 de outubro de 1.942, é uma entidade
civil de caráter desportivo, com personalidade jurídica de
direito privado, sem fins econômicos lucrativos, constituída
na forma da lei, mediante o exercício de livre associação.
Art. 2º - A sua finalidade é promover, difundir e aperfeiçoar a
prática da educação física, de desportos em geral, formais
e não formais, bem como promover as culturas morais,
artísticas, cívicas, sociais, recreativas e educacionais dos
associados que a compõem, além de todas as atividades
complementares inerentes ao alcance dos objetivos
sociais, podendo, ainda, participar de outras sociedades,
como quotista ou acionista, mediante a aprovação do seu
Conselho Deliberativo (C.D.)."
Isto foi uma mera ilustração. Este é o link para o site da SEP. Neste estatuto não há nenhuma menção a empresa, corporação, nem nada do tipo.
Com o tempo, as massas foram aderindo aos clubes de futebol, que perderam a característica da proximidade entre os sócios. A princípio, eram os próprios sócios os únicos torcedores dos clubes.
Com o passar do tempo, as torcidas foram se desvencilhando de seus clubes sociais originais. Daí alguém teve a brilhante ideia de fazer com que os torcedores gerassem dinheiro para os clubes. É a partir deste momento que se inicia a trajetória do marketing esportivo.
Pois bem, o tempo foi passando, e o marketing esportivo foi avançando. Primeiro foram os patrocínios de camisa. Depois a lei Pelé, que dava ao jogador status de funcionário do clube, uma inovação no Brasil. Aí começaram as ações de marketing, boneco pra cá, camisa comemorativa pra lá, e assim por diante. Os clubes se tornaram empresas, e os torcedores, consumidores. Pelo menos na ótica dos diretores.
Talvez o ápice do marketing esportivo no Brasil tenha sido a vinda dos Ronaldos para Corinthians e Flamengo, respectivamente.
Jogadores conhecidos mundo afora, cheios de empresas a seu redor (sim, alguns jogadores também se tornaram empresas) patrocinando-os, mandando em seus trajes, chuteiras e até cortes de cabelo (!!!!). São um prato cheio para o marketing esportivo.
E a imprensa (que conhece menos de futebol que os bêbados do bar da esquina da minha casa) elogia o marketing, uma fonte alternativa de receitas, a modernização, o profissionalismo desses clubes. Até aí tudo bem. O problema é que quem se rasga em elogios perante contratações e ações como estas (me refiro às contratações dos Ronaldos, nesse caso) só enxerga um lado da moeda.
Semana passada aconteceu algo que os marketeiros não previram: sua galinha dos ovos de ouro não jogou nada pela 5ª vez consecutiva no ano. Isto culminou na eliminação de sua empresa por um time totalmente desconhecido dos brasileiros, e a revolta de seus torcedores. Que fazer com o marketing agora?
Eu, particularmente adorei o modo pelo qual isso se desenrolou, por dois motivos principais:
1º: Sou palmeirense.
2º: Odeio quando tratam o futebol como um frio negócio.
Depois da última quarta-feira ficou muito claro que futebol não se ganha no marketing, mas sim no campo. Prova disso é que bastou a saída dos dois "astros" somada a um pouco mais de brio no time para que (veja só) vencessem o meu time (o Palmeiras, seu maior rival), 04 dias depois da fantástica eliminação.
Não se deve dar tratamento de ídolo a quem de fato não o é. O travequeiro não tem, e nunca teve identificação com o SCCP. Aliás, com que clube ele teve alguma identificação? Barcelona? Então porque jogou no Real Madrid? Inter de Milano? Então por que jogou no Milan? Diz que torce para o Flamengo. Então por que o preteriu e foi para o Corinthians?
O cara ainda me vem falar de amor?! Amor ao Corinthians? Ah, me poupe, vai...
Então porque não parou de comer/beber/farrear pra jogar decentemente pelo Corinthians? Se isso é amor, então a minha concepção sobre o assunto deve estar bem equivocada.
O outro Ronaldo, o agora flamenguista, a exemplo do chará, preteriu seu suposto clube do coração (o Grêmio) para rumar ao Flamengo. Este já foi bem mais descarado e não deixou dúvidas que o fez justamente pelo dinheiro. Pelo menos foi mais honesto.
Ídolos não são contruídos nas propagandas, em ações de marketing, ou qualquer frescura do tipo. Pára! Só existe um lugar dentro do qual um ídolo pode ser cunhado: o campo de jogo. E nenhum mais. E isso independe de caráter, conduta sexual, ficha criminal e o que quer que seja. E acima de tudo exige respeito à camisa que se veste. É o mínimo. E não me venha reclamar que teve o carro arrebentado. Ainda ficou muito barato, sinceramente. Acho que esses caras não têm noção do que é futebol.
A Nike deve ter virado a cabeça deles.
Por hoje é isso.
DA DENOMINAÇÃO, SEDE, FIM E DURAÇÃO.
Art. 1º - A Sociedade Esportiva Palmeiras (SEP), com sede social,
administrativa e foro jurídico em São Paulo, Capital, na
rua Turiaçú, 1840, Perdizes, CEP 05005-000, fundada com
o nome de Sociedade Esportiva Palestra Itália, em 26 de
agosto de 1.914, alterado para o de Sociedade Esportiva
Palestra de São Paulo, conforme ata da sessão de 27 de
março de 1.942, e mantida com o nome atual, conforme
ata da sessão de 19 de outubro de 1.942, é uma entidade
civil de caráter desportivo, com personalidade jurídica de
direito privado, sem fins econômicos lucrativos, constituída
na forma da lei, mediante o exercício de livre associação.
Art. 2º - A sua finalidade é promover, difundir e aperfeiçoar a
prática da educação física, de desportos em geral, formais
e não formais, bem como promover as culturas morais,
artísticas, cívicas, sociais, recreativas e educacionais dos
associados que a compõem, além de todas as atividades
complementares inerentes ao alcance dos objetivos
sociais, podendo, ainda, participar de outras sociedades,
como quotista ou acionista, mediante a aprovação do seu
Conselho Deliberativo (C.D.)."
Isto foi uma mera ilustração. Este é o link para o site da SEP. Neste estatuto não há nenhuma menção a empresa, corporação, nem nada do tipo.
Com o tempo, as massas foram aderindo aos clubes de futebol, que perderam a característica da proximidade entre os sócios. A princípio, eram os próprios sócios os únicos torcedores dos clubes.
Com o passar do tempo, as torcidas foram se desvencilhando de seus clubes sociais originais. Daí alguém teve a brilhante ideia de fazer com que os torcedores gerassem dinheiro para os clubes. É a partir deste momento que se inicia a trajetória do marketing esportivo.
Pois bem, o tempo foi passando, e o marketing esportivo foi avançando. Primeiro foram os patrocínios de camisa. Depois a lei Pelé, que dava ao jogador status de funcionário do clube, uma inovação no Brasil. Aí começaram as ações de marketing, boneco pra cá, camisa comemorativa pra lá, e assim por diante. Os clubes se tornaram empresas, e os torcedores, consumidores. Pelo menos na ótica dos diretores.
Talvez o ápice do marketing esportivo no Brasil tenha sido a vinda dos Ronaldos para Corinthians e Flamengo, respectivamente.
Jogadores conhecidos mundo afora, cheios de empresas a seu redor (sim, alguns jogadores também se tornaram empresas) patrocinando-os, mandando em seus trajes, chuteiras e até cortes de cabelo (!!!!). São um prato cheio para o marketing esportivo.
E a imprensa (que conhece menos de futebol que os bêbados do bar da esquina da minha casa) elogia o marketing, uma fonte alternativa de receitas, a modernização, o profissionalismo desses clubes. Até aí tudo bem. O problema é que quem se rasga em elogios perante contratações e ações como estas (me refiro às contratações dos Ronaldos, nesse caso) só enxerga um lado da moeda.
Semana passada aconteceu algo que os marketeiros não previram: sua galinha dos ovos de ouro não jogou nada pela 5ª vez consecutiva no ano. Isto culminou na eliminação de sua empresa por um time totalmente desconhecido dos brasileiros, e a revolta de seus torcedores. Que fazer com o marketing agora?
Eu, particularmente adorei o modo pelo qual isso se desenrolou, por dois motivos principais:
1º: Sou palmeirense.
2º: Odeio quando tratam o futebol como um frio negócio.
Depois da última quarta-feira ficou muito claro que futebol não se ganha no marketing, mas sim no campo. Prova disso é que bastou a saída dos dois "astros" somada a um pouco mais de brio no time para que (veja só) vencessem o meu time (o Palmeiras, seu maior rival), 04 dias depois da fantástica eliminação.
Não se deve dar tratamento de ídolo a quem de fato não o é. O travequeiro não tem, e nunca teve identificação com o SCCP. Aliás, com que clube ele teve alguma identificação? Barcelona? Então porque jogou no Real Madrid? Inter de Milano? Então por que jogou no Milan? Diz que torce para o Flamengo. Então por que o preteriu e foi para o Corinthians?
O cara ainda me vem falar de amor?! Amor ao Corinthians? Ah, me poupe, vai...
Então porque não parou de comer/beber/farrear pra jogar decentemente pelo Corinthians? Se isso é amor, então a minha concepção sobre o assunto deve estar bem equivocada.
O outro Ronaldo, o agora flamenguista, a exemplo do chará, preteriu seu suposto clube do coração (o Grêmio) para rumar ao Flamengo. Este já foi bem mais descarado e não deixou dúvidas que o fez justamente pelo dinheiro. Pelo menos foi mais honesto.
Ídolos não são contruídos nas propagandas, em ações de marketing, ou qualquer frescura do tipo. Pára! Só existe um lugar dentro do qual um ídolo pode ser cunhado: o campo de jogo. E nenhum mais. E isso independe de caráter, conduta sexual, ficha criminal e o que quer que seja. E acima de tudo exige respeito à camisa que se veste. É o mínimo. E não me venha reclamar que teve o carro arrebentado. Ainda ficou muito barato, sinceramente. Acho que esses caras não têm noção do que é futebol.
A Nike deve ter virado a cabeça deles.
Por hoje é isso.
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