Minha cabeça está pouco fértil esses últimos tempos. Isso não quer dizer que ela tenha parado de pensar, é bom que se diga.
O post de hoje se dedicará a polemizar. Acho que o que defenderei nele não será algo com que meus leitores(as) concordarão. Entretanto, como o nome do blogue já supõe, não há razão para se recear que ele defenda coisas doidas, não é verdade?
Pois bem. Recentemente recebi em meu email uma mensagem que se referia a um projeto de lei que, se entendi bem, visava proibir o sacrifício de animais no estado de São Paulo. Acho que era isso.
Meu escrito de hoje não se referirá diretamente a esta lei, mas sim ao tipo de relação que julgo ser cabida entre homem e animal dentro de uma sociedade (ao menos) predominantemente humana.
De uns tempos pra cá entrou na moda defender direitos dos animais. Do mesmo modo que também entrou na moda defender o verde e a preservação da natureza. Há 15 anos esse "discurso naturalista/preservacionista" era bem periférico. Hoje é ele quem predomina.
Não sou a favor do assassinato de cães nem da destruição da natureza. É bom que isso fique claro.
Mas o que me incomoda é o discurso de parte dos ativistas (principalmente dos) que defendem os "direitos dos animais". A meu ver, eles colocam os animais na frente dos seres humanos. É isso pra mim o que é inadmissível. Vou repetir: INADMISSÍVEL.
Como me dá raiva ver programas de TV (leia-se Luisa Mell e afins) em que se mostra Shopping para cachorros, estilista para cachorro, psicólogo (pasmem!) para cachorros. O que mais me espanta é saber que tem gente que se digna a gastar dinheiro com (me desculpe) absurdos desse tipo.
Enquanto isso, gente dormindo sobre papelão em calçadas não tão distantes, crianças pedindo esmola na rua, meninas vendendo o corpo aos 12 anos. E gente levando o seu lindo cãozinho ao dog stylist (acredite, esta aberração realmente existe). Muito bonito!
Aí vem o Exmo. Deputado (ou Vereador, ou sei lá o quê) propor que não se sacrifique os cães sem dono do estado. Pergunto ao propositor e aos defensores deste projeto de lei: é quem é que vai cuidar dos cães que não têm dono?
Eles serão cuidados pelo poder público? Então o governo terá que gastar dinheiro para alimentar e cuidar desses cães, certo? Hmmmm... então o que se poderia gastar em transporte, educação, saúde (humana, lógico) se gastará cuidando dos cães sem dono. Hmmmm... ótima maneira de gerir o dinheiro!
Ou então eles serão largados pelas ruas? Para serem atropelados pelos carros que passarem? Para ficarem sujeitos a doenças (que também podem matá-los) e transmití-las aos humanos? Isso realmente é melhor que o sacrifício?
Acho que a única maneira de um projeto de lei como este se tornar socialmente viável é a seguinte:
Uma ONG de defensores dos "direitos dos animais" se prontificar perante a sociedade a gerir com DINHEIRO PRIVADO os cães sem dono da cidade. A essa ONG ficaria a incumbência de promover um eficiente sistema de adoções, e cuidar dos animais enquanto sem dono. Com o dinheiro que ELES forem capazes de arrecadar de maneira privada. Aí sim. Não se pode admitir que se gaste dinheiro público com animais, enquanto há humanos com sérias necessidades, e uma vez que não são os animais os que pagam impostos.
Na inexistência de uma organização PRIVADA que se dedique (e se comprometa com o poder público e preste contas a ele) a isso, não se pode proibir o sacrifício de animais sem dono.
Sou defensor da idéia de que animais devem pertencer à esfera privada, com algun(s) cidadão(s) responsabilizando-se por esse(s) animal (is). Enquanto não perturbarem a ordem pública, ótimo. Se isso não ocorrer, o que vale é a lei da selva.
Para encerrar, uma historinha sobre isso:
Conta-se que na China colonial, devido ao fato de o Império passar por sucessivas crises de fome, o imperador certa vez proibiu que houvesse cães e gatos pelo império. Animal achado era animal na panela.
Justíssimo, a meu ver.
Não se pode admitir que em um lugar onde se passa fome alguém ouse dar comida a um animal ao invés de alimentar a outro humano.
É justamente nessa linha que defendo ser um absurdo se gastar dinheiro cuidando de animais enquanto há outros humanos (como o(s) dono(s) deste dinheiro) com mais necessidades, sendo estas muito mais importantes de serem atendidas do que as dos animais.
É isso.
domingo, 18 de julho de 2010
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